Zé
Elétrico, desenho à lápis e toque final em arte digital.
Veja aqui a arte em seu tamanho natural:
A
inspiração dessa arte vem de Zé Elétrico ( João Dumont ), no
filme nacional Árido Movie. Ficou com um toque “Bolywood”
também, que acho até divertido.
O
personagem é um índio, que é dono de bar e mecânica no interior
de Recife. É também mais ou menos um caboclo xamã.
Não
vou escrever sinopse, coloco apenas uma frase dele e quem se
interessar, indico muito o filme, que é um dos meus preferidos.
A minha idéia é fazer uma série de artes inspiradas em filmes.
A minha idéia é fazer uma série de artes inspiradas em filmes.
Mais
abaixo um texto meu que complementa essa arte. Longe de ser
necessário lê-lo pra entendê-la, ( prefiro que cada um interprete
a sua maneira), é uma forma de expor significados e reflexões com
os quais lidei no fazer, o contexto subjetivo dessa criação, e pra
abrir diálogo.
"As
coisas estão por aí e a gente não vê. Sabe por quê? Preconceito.
As pessoas só querem ver o que deixam. É preguiça e preconceito".
Zé
Elétrico
A
Pedra do Elefante
Ao
dizer essa frase, o personagem mostrava a outro as montanhas do
sertão de Recife, uma delas com esse nome por ser parecida a um
elefante com metade submersa na água. Mas o que diz é bem mais
abrangente e ao fazer essa arte, conectei o significado
principalmente na questão de uma visão chamada extra-sensorial, que
é uma visão além dos padrões sociais, condicionados, uma
percepcão tida como espiritual ou mística, mas que está aqui,
nesta mesma realidade do cotidiano, e todos tem condições de
acessá-la. Utilizei o símbolo de um dos chakras, o Ajna ou terceiro
olho, para representar a abertura dessa visão e sua atividade,
através de rotação e fluxo. Apesar desse tipo de visão estar
ligada à crenças místicas diversas, hoje já é bastante aceita
também pela ciência a sua existência. Eu mesmo, em meditações,
sem uma prática disciplinada, mas por meditar de certa forma desde
pequeno, percebo o fluxo desse chakra e vejo cores luminosas, de olho
fechado ou aberto, entre outtras percepções. Aos poucos, fui
tentando representar essas percepções em minha arte. Dessa vez
creio que foi a mais efetiva, mesmo que sutil. Uma importante questão
é entender pra que servem estas percepções, que não são meros
fogos de artificio, como usar entheógenos, substâncias psicoativas,
por pura diversão. Os fluxos demonstram como estão os
funcionamentos, as cores também são uma linguagem que pode ser
lida. A yoga e os chakras tem funções específicas e são
considerados em diversas práticas místicas no mundo todo, não
apenas nas orientais. Eu não tenho ainda muita prática e
conhecimento pra leituras, apenas percebo e sinto-me mais conectado
com o que chamo de “bom fluxo”, ou seja, harmonia consigo e com o
todo. Ainda chegarei a uma melhor compreensão, por enquanto procuro
expressar na arte estas percepções. Muitos artistas fazem isso,
existe até um movimento chamado de Arte Visionária, do qual o
artista Alex Grey é um grande representante. Sigo fazendo minhas
artes em constante transformação, mas acredito que esse é um
caminho que deve aflorar, o de representar mais enfaticamente estas
percepções, para ajudar a descondicionar as pessoas de seus olhares
tão ditados pelas normas sociais, ao mesmo tempo que busco também
mais conhecimento e prática nesse tipo de percepção.
Outro aspecto importante, é a escolha desse personagem por ele ser um caboclo, brasileiro mestiço de índio e negro, figura símbólica muito importante na cultura brasileira em geral, na formação do povo e principalmente na Umbanda, que é um caminho místico que tenho criado bastante afinidade, dentro da minha mistura de muitos caminhos.
Falando na questão de técnica, preferi desenho a lápis sobre papel, por ser um suporte fácil de armazenar, ser econômico e por querer trabalhar em minha nova prancheta que montei. Procurei utilizar várias cores em áreas onde poderia representar tendo apenas uma, o que também remete a uma percepção aguçada, além das outras já citadas. O realismo não costuma me atrair muito, mas acabou acontecendo por conta da referência e do que eu queria expressar. Não creio que seja sinal de evolução, como alguns podem achar. Pode ser bastante elaborado, mas outras formas não realistas de expressão podem ser também muito elaboradas, e nem precisam ser, afinal arte é pra expressar e não pra ver quem elabora mais. A simplicidade as vezes é um ótimo caminho pra expressar, fazer arte com prazer e também é necessário saber enxergá-la.
Outro aspecto importante, é a escolha desse personagem por ele ser um caboclo, brasileiro mestiço de índio e negro, figura símbólica muito importante na cultura brasileira em geral, na formação do povo e principalmente na Umbanda, que é um caminho místico que tenho criado bastante afinidade, dentro da minha mistura de muitos caminhos.
Falando na questão de técnica, preferi desenho a lápis sobre papel, por ser um suporte fácil de armazenar, ser econômico e por querer trabalhar em minha nova prancheta que montei. Procurei utilizar várias cores em áreas onde poderia representar tendo apenas uma, o que também remete a uma percepção aguçada, além das outras já citadas. O realismo não costuma me atrair muito, mas acabou acontecendo por conta da referência e do que eu queria expressar. Não creio que seja sinal de evolução, como alguns podem achar. Pode ser bastante elaborado, mas outras formas não realistas de expressão podem ser também muito elaboradas, e nem precisam ser, afinal arte é pra expressar e não pra ver quem elabora mais. A simplicidade as vezes é um ótimo caminho pra expressar, fazer arte com prazer e também é necessário saber enxergá-la.